Vamos falar sobre indiferença. Qual é o
tipo que te amedronta? Vai ai algumas opções:
1. Aquela que a pessoa que você
ama não lembra que você existe.
2. Aquela que a pessoa que você ama,
não ama você.
3. Aquela que a pessoa que você ama
lembra que você existe, mas não dá a mínima pros seus sentimentos.
4. Aquela que a pessoa que
você ama lembra que você existe, finge que dá importância pros seus
sentimentos, mas age com você da pior maneira possível.
De todas as opções, você pode escolher
1,2 ou todas. Garanto, é possível viver todos esses tipos de indiferença amando
apenas uma pessoa. A partir do momento que ela não se importa com seus
sentimentos ela está sendo indiferente a você. Mesmo que diga o contrário.
O contrário do Amor
O
contrário de bonito é feio, de rico é pobre, de preto é branco, isso se aprende
antes de entrar na escola. Se você fizer uma enquete entre as crianças, ouvirá
também que o contrário do amor é o ódio. Elas estão erradas. Faça uma enquete
entre adultos e descubra a resposta certa: o contrário do amor não é o ódio, é
a indiferença.
O
que seria preferível, que a pessoa que você ama passasse a lhe odiar, ou que
lhe fosse totalmente indiferente? Que perdesse o sono imaginando maneiras de
fazer você se dar mal ou que dormisse feito um anjo a noite inteira, esquecido
por completo da sua existência? O ódio é também uma maneira de se estar com
alguém. Já a indiferença não aceita declarações ou reclamações: seu nome não
consta mais do cadastro.
Para
odiar alguém, precisamos reconhecer que esse alguém existe e que nos provoca
sensações, por piores que sejam. Para odiar alguém, precisamos de um coração,
ainda que frio, e raciocínio, ainda que doente. Para odiar alguém gastamos
energia, neurônios e tempo. Odiar nos dá fios brancos no cabelo, rugas pela
face e angústia no peito. Para odiar, necessitamos do objeto do ódio,
necessitamos dele nem que seja para dedicar-lhe nosso rancor, nossa ira, nossa
pouca sabedoria para entendê-lo e pouco humor para aturá-lo. O ódio se tivesse
uma cor, seria vermelho, tal qual a cor do amor.
Já
para sermos indiferentes a alguém, precisamos do quê? De coisa alguma. A pessoa
em questão pode saltar de bung-jump, assistir aula de fraque, ganhar um Oscar
ou uma prisão perpétua, estamos nem aí. Não julgamos seus atos, não observamos
seus modos, não testemunhamos sua existência. Ela não nos exige olhos, boca,
coração, cérebro: nosso corpo ignora sua presença, e muito menos se dá conta de
sua ausência. Não temos o número do telefone das pessoas para quem não ligamos.
A indiferença se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada.
Uma
criança nunca experimentou essa sensação: ou ela é muito amada, ou criticada
pelo que apronta. Uma criança está sempre em uma das pontas da gangorra, adoração
ou queixas, mas nunca é ignorada. Só bem mais tarde, quando necessitar de uma
atenção que não seja materna ou paterna, é que descobrirá que o amor e o ódio
habitam o mesmo universo, enquanto que a indiferença é um exílio no deserto.
O contrário do amor não é o ódio e sim
a indiferença.
Concordo,
Martha Medeiros.