Não gosto do teu silêncio introspectivo, calado, porque entre a palavra e os teus lábios, vivem talvez as minhas angústias.
Não te gosto assim, só, retirante, superior, porque assim parece que vives preocupado com as coisas que te rodeiam, e eu não me sinto uma delas.
É no teu olhar de preto profundo, que vejo dois estranhos pássaros noturnos e, o teu lindo olhar, apenas reflete a beleza das estrelas.
Não te gosto em silêncio meditativo, porque assim, ficas distante de mim, como se fora um combate íntimo entre a manhã e a tarde prenunciando o indeciso crepúsculo.
No teu silêncio introspectivo, parece que vives com alguém escondido em teu olhar e que ainda te fascina.
Não te gosto em silêncio, porque nesta profundeza não consigo saber, se me queres, e o teu silêncio constante martiriza e me deixa insegura, pois o amor que penso nutrir por ti se inibe, retraindo-se.
Nada deves a alguém, nem tão pouco a mim que te quero tanto – porque o teu silêncio?
Tenho te escrito poemas, baladas, simples acrósticos, de certa forma, instigando-te a romperes esta barreira, quase intransponível do teu silêncio.
Preciso da tua palavra cheia de afeto e carinho e ao mesmo tempo forte como o vento de verão, que arrasta as nuvens e o horizonte levando as folhas secas de outono, descobrindo-te ao sol para mim.
Rompe o teu silêncio e diga que me quer.
Aí sim, faremos silêncio nós dois e a quatro lábios falaremos a linguagem universal do amor.
Apenas os nossos lábios falarão e sentirei o teu hálito a se misturar com o meu, numa profusão de eternas carícias.
Teu silêncio talvez seja sábio, mas me intranquiliza chego a imaginar que apenas me aceitas e isto evidencia “tolerâncias”, não as quero.
Se romperes o teu silêncio, amar-te-ei para sempre, voltarei a escrever poemas, baladas, canções somente para ti.
Endeusar-te-ei!
E quando estiver longe de ti, somente para ti comporei.
Um beijo em silêncio.
Eráclito Alírio